
Que estranho fascínio esta criatura diabólica, conhecida como Adolf Hitler, exerce sobre o imaginário humano!
No entanto, "A Queda" não trabalhará, como já foi feito até a exaustão pelo cinema norte-americano, este assunto demonizando o ditador, mas sim, com uma sutileza extraordinária, revelando a humanidade que havia naquele bunker em Berlim.
Conhecer um pouco da História da Segunda Grande Guerra não é vital, porém, contribui para reconhecer aquelas personalidades que marcaram negativamente a contemporaneidade: Hitler, Himmler, Goebbels, Speer, Eva Braun, Fegelein, além de outras que não aparecem no filme, mas que são mencionadas, como Göring e Dalitz.
O século XX foi bastante produtivo em crueldade e, ao invés de heróis, temos uma galeria de vilões. Hitler está, sem sombra de dúvida, no topo do pedestal da crueldade. Por isso, "A Queda" se torna um filme tão surpreendente: vemos um indivíduo contraditório, que consegue ser afável com seus subalternos civis, gosta de animais, atencioso com sua concubida - Eva Braun -, ao mesmo tempo em que é irascível, megalomaníaco, cruel, paranóico e inclemente.
Além de abordar os últimos dias do Führer em seu esconderijo, esta maravilhosa produção alemã,a primeira na história do cinema a apresentar um ator alemão no papel do ditador, revela toda sorte de emoções e comportamentos daqueles que estão próximos ao poder, variando da fidelidade cega de Goebbels, crente de que Hitler pode ainda conseguir se salvar, até os desesperados que não estão mais dipostos à morrer por um sonho insano.
Ver retratado em um filme tudo aquilo que documentários e livros durante décadas tentaram reproduzir - um governante descontrolado, comandando em mapas tropas que já foram dizimadas, arquitetando planos impraticáveis, enfurecido com conspiradores inexistentes, disposto a sacrificar milhões de vidas ao invés de se render - é bastante impactante.
É fácil julgar aqueles que colaboraram com o projeto nazista, nós que estamos distantes espaço-temporalmente daqueles acontecimentos, mas, como no caso de uma das testemunhas, a secretária do Führer Traudl Junge, que vivenciou aqueles dias, não havia este afastamento e era compreensível a adesão à aura de poder que emanava daquele sujeito.
Como que um só indivíduo foi capaz de unificar um povo inteiro num delírio imperial?
Isso ainda permanece um mistério. Não há dúvidas de que Hitler não possuía o apoio incondicional de todas as pessoas, nem mesmo de membros das estruturas de poder. Muitos sabiam que seus projetos eram impraticáveis, muitos tentaram abandonar o barco quando este começou a naufragar, muitos civis morreram sem jamais poder escolher entre a vida ou a morte.
"A Queda" é um dos filmes que merece ser visto por causa das grandes lições que encerra. Exemplos de crueldades que não podem ser esquecidos; exemplos de humanidade que transcendem até mesmo a barbárie da guerra.
Atuações magistrais (entre elas a de Bruno Ganz no papel de Hitler e de Ulrich Matthes como Joseph Goebbels) e uma reconstrução histórica excepcional fazem deste filme simplesmente uma obra-prima do cinema.
No entanto, "A Queda" não trabalhará, como já foi feito até a exaustão pelo cinema norte-americano, este assunto demonizando o ditador, mas sim, com uma sutileza extraordinária, revelando a humanidade que havia naquele bunker em Berlim.
Conhecer um pouco da História da Segunda Grande Guerra não é vital, porém, contribui para reconhecer aquelas personalidades que marcaram negativamente a contemporaneidade: Hitler, Himmler, Goebbels, Speer, Eva Braun, Fegelein, além de outras que não aparecem no filme, mas que são mencionadas, como Göring e Dalitz.
O século XX foi bastante produtivo em crueldade e, ao invés de heróis, temos uma galeria de vilões. Hitler está, sem sombra de dúvida, no topo do pedestal da crueldade. Por isso, "A Queda" se torna um filme tão surpreendente: vemos um indivíduo contraditório, que consegue ser afável com seus subalternos civis, gosta de animais, atencioso com sua concubida - Eva Braun -, ao mesmo tempo em que é irascível, megalomaníaco, cruel, paranóico e inclemente.
Além de abordar os últimos dias do Führer em seu esconderijo, esta maravilhosa produção alemã,
Ver retratado em um filme tudo aquilo que documentários e livros durante décadas tentaram reproduzir - um governante descontrolado, comandando em mapas tropas que já foram dizimadas, arquitetando planos impraticáveis, enfurecido com conspiradores inexistentes, disposto a sacrificar milhões de vidas ao invés de se render - é bastante impactante.
É fácil julgar aqueles que colaboraram com o projeto nazista, nós que estamos distantes espaço-temporalmente daqueles acontecimentos, mas, como no caso de uma das testemunhas, a secretária do Führer Traudl Junge, que vivenciou aqueles dias, não havia este afastamento e era compreensível a adesão à aura de poder que emanava daquele sujeito.
Como que um só indivíduo foi capaz de unificar um povo inteiro num delírio imperial?
Isso ainda permanece um mistério. Não há dúvidas de que Hitler não possuía o apoio incondicional de todas as pessoas, nem mesmo de membros das estruturas de poder. Muitos sabiam que seus projetos eram impraticáveis, muitos tentaram abandonar o barco quando este começou a naufragar, muitos civis morreram sem jamais poder escolher entre a vida ou a morte.
"A Queda" é um dos filmes que merece ser visto por causa das grandes lições que encerra. Exemplos de crueldades que não podem ser esquecidos; exemplos de humanidade que transcendem até mesmo a barbárie da guerra.
Atuações magistrais (entre elas a de Bruno Ganz no papel de Hitler e de Ulrich Matthes como Joseph Goebbels) e uma reconstrução histórica excepcional fazem deste filme simplesmente uma obra-prima do cinema.